terça-feira, 26 de agosto de 2014

Huang Shan - Montanha Amarela


O convite de passar uma semana na provincia de Huang Shan veio bem inesperado, Danna a professora de mandarim e sua irmã passariam as férias de verão por lá. Eu sem pensar um segundo respondi que sim.  Essa sou eu, adoro viajar, fazer e desfazer as malas quantas vezes puder, aceito desafíos e experiencias novas e nada melhor que viajar pela China na companhia de chineses.

                  
 
Huang Shan é considerada a mais bonita cadeia de montanhas do país. Exibe picos impressionantes, cobertos de nuvens, que durante séculos foram louvados por poetas e pintores.
 
 

  O verão chegou com seu calor insuportável, umidade a 100% e os días se passavam, meu telefone não tocava e eu sem coragem de ligar (Danna fala pouco inglês, nossa comunicação dá um certo trabalho) sabia que se eu ligasse teria um trabalhão para entender e ser entendida, o que dizer? E se não querem mais me levar? E se mudaram de idéia? Mil perguntas passavam por minha cabeça todos os días.
Afinal, para elas deve ser o mesmo,  uma comunicação clara facilita em tudo, mas não é a nossa realidade. Passado duas semanas, liguei e do outro lado Danna me explica que estão aguardando seu marido conseguir férias,  seu trabalho as vezes necessita trocar as datas da viagem.
E assim foi, por incontáveis vezes meu telefone tocava e era Danna trocando a data de nossa viagem, cheguei a pensar que não seria dessa vez, viver a experiência de passar uma semana com amigos chineses. Hábitos, costumes e comidas diferentes. Em casa eu decido se quero comer comida chinesa ou ocidental,  encontro de tudo no supermercado, importado claro!! - mas mesmo o que não é importado se consegue cozinhar. O tempero é outro, a maneira de fazer e por aí vão as diferenças.
 
 



 Da mesma maneira que me foi dito "não aceite morar na China, lá é tudo muito diferente, vai ser difícil" com a novidade de viajar com familias chinesas a reação de meus amigos foi igual. "Os chineses são diferentes, não vai ser fácil, acho que você não vai aguentar" Recados dados! Lá fui eu, viver mais essa experiência e que como todas até agora, foi única e inexplicável. Só vivendo, e quer saber? Fiquei com gostinho de quero mais, sete días juntos, o tempo todo, vivendo as diferenças foi apenas o começo de um grande aprendizado.

A subida até o pico da montanha é feita parcialmente com um teleférico, de se apaaaavorar...e segue mais 8km andando pela encosta da montanha. Um trajéto que levou 6hs mas que, nem a dor nos pés, fez eu trocar aquela experiencia. A cada segundo as nuvens vão mudando a paisagem, uma hora tudo fica branco e segundos depois a natureza nos presenteia com imagens maravilhosas e inesquecíveis.

 
 Mesmo velada pela neblina a paisagem com pícos íngremes, moitas de bambu e pinheiros antigos e torcidos é belíssima. Lotada por visitantes o passeio é longo, estreito e não tem como desistir no meio do caminho. A emoção de estar ali, sentir o vento fresco batendo, a agua da chuva se misturando com o suor e o cenário mudando a cada instante fez com que eu nem percebesse que já faziam horas que estávamos caminhando.

São os espaços reservados para um descanço que ajudam a recuperar o fôlego, tomar uma água, comer um lanche. Existem quiosques que vendem de tudo, mas o preço...claro que é 10x mais caro que lá embaixo. Uma água mineral no super custa 3rmb (R$1,20) na montanha custa 10rmb(R$4,00). 
 
 

A convivencia com esse povo tão diferente, me faz ser uma pessoa cada vez melhor, postar fotinhos no face e no whatsapp dizendo aceite as diferenças é fácil, viver com elas o dia a dia que é mais complicado. Exige uma dose extra de aceitação e humildade, reconhecer que não existe um certo e errado, o meu é melhor ou pior. Existe sim, disponível o tempo todo uma evolução e aprendizado e respeito com o próximo. Existe um saber que cada um é diferente e que as diferenças servem para um viver melhor, com os outros e principalmente com nós mesmos.  
 


 

Diz a lenda que a pessoa que passar por cima dessa ponte terá vida eterna, cada um com suas crenças, mas na dúvida eu fui. Vai que....!!!!
 E se no meio do caminho você não aguentar mais e seu bolso permitir, tem um transporte humano, você pode ser levado até o seu ponto de chegada sendo carregado em uma cadeira de bambu. Isso me remete a séculos atrás onde a escravidão, exclusão e maus tratos eram a normalidade. Por aquí ainda acontece, quem carrega são os moradores da montanha e arredores que vivem desse trabalho. Mais uma vez a vida me ensina que tudo é o ponto de vista. Para eles é normal, e visto com bons olhos para aqueles que necessitam e podem pagar. (1.000 rmb - R$400,00)
Concentração, equilibrio e muita paciência devem ser levados juntos na mochila da mente. Os trajetos apresentam pedaços exageradamente íngremes e asustadores, sendo necessário descer sentando nos degraus.
 
Existem hotéis na montanha para quem quer passar a noite e voltar no dia seguinte, (diárias apartir de 800rmb - R$320,00) foi o que fizemos. No verão não é possível ver o por do sol, mas em outras estações o espetáculo é garantido.
 E saiba que para manter o mínimo de condições, tudo o que se necessita lá em cima chega através dos braços desses carregadores. Desde comida, roupa de cama, mesa, banho, e até o lixo produzido é levado por eles. Durante o trajeto inteiro você se depara o tempo todo com eles carregados.

 
E em outros a passagem é tão estreita que só passa um de cada vez, sem pressa, degrau por degrau e cuidando para chegar lá em cima e continuar a caminhada. Impressionante essa fenda entre duas rochas. A água escorria pelos pés fazendo dos degraus uma cachoeira. É a natureza pedindo passagem. 

 

 
 Chegar ao topo, depois de 1860m percorridos,  é simplesmente maravilhoso!

Que venham mais convites, que venham todos que se interessam por natureza e esporte. A China tem lugares fantásticos com pessoas amáveis e hospitaleiras. Huang Shan é para se viver, para curtir e quero poder voltar em cada estação do ano, pois ela, imponente e grandiosa se apresenta de diferentes formas a cada nova estação. 
 


 
 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

LOTUS ou renkon- você já comeu?

     A gastronomía faz parte do dia à dia e eu adoro experimentar as diferentes opções que tem por aquí. As vezes me dou mal, a coisa já tem uma aparência estranha (como um creme feito com arroz, feijão e amendoim) que uma amiga me ofereceu, comi porque ela disse que era muito nutritivo e saudável.....kkkk mas tava ruinzinho!!!!
Mas algumas vezes descubro pratos interessantes e saborosos além de muito saudável, como o lotus.
É uma planta aquática nativa da Ásia Tropical e Austrália, é cultivada como alimento e também pelas qualidades curativas (acredita-se que alivie inflamações, entre outros males) e ornamentais. 
 É boa para a Saúde: Pessoas de todas as idades, pois é rica em vitaminas B2 e B6 e minerais como potássio e fósforo, além de ser pobre em gorduras; e consumir crua, porque é boa fonte de vitamina C.
 É ruim para: Quem precisa de uma dieta com alto teor de proteína, pois é pobre nesse nutriente; e hipertensos — devem evitar consumir a conserva industrial, que pode conter alto teor de sódio.
 
 
 
 
No Brasil, a produção ainda é pequena e muito associada aos imigrantes japoneses, que trouxeram as primeiras sementes. As flores de tons rosa e amarelo lembram as ninfeias e desabrocham de dezembro a janeiro, mas duram pouco. Em 48 horas as pétalas caem, restando o cálice seco, também usado em decoração
 
 


    Além de belas, as flores são comestíveis, assim como as folhas mais novas, as sementes e o rizoma, vulgarmente chamado de raiz de lótus, ou renkon. As folhas maiores são usadas ainda para embalar alimentos, como se faz com as folhas da bananeira. A cultura da lótus dispensa defensivos e adubos químicos. A trabalhosa colheita de seus rizomas, que devem ser arrancados de dentro dos charcos, acontece entre março e novembro.



 
      Quando fatiados, eles revelam orifícios que formam delicado desenho. É nesses túneis que fica armazenado o ar necessário para manter a planta em suspensão na água. Quando crua, a raiz de lótus tem textura crocante, lembrando um pedaço de cana sem as fibras. O sabor é neutro, adocicado, levemente floral. Aquí eu preparo ela refogada com molho de soja e alho. Acrescento gergelim, sementes de abóbora e girassol para dar um toque especial.
    Nos restaurantes tem opções com muitaaaaaa pimenta ou com uma calda doce. Que são uma delicia!!!

Aparece em receitas japonesas mais elaboradas ou muito simples, como o kimpira renkon: as fatias são fritas em óleo de gergelim e pimenta, junta-se um molho feito com partes iguais de shoyu, saquê mirim e saquê e depois também um pouco de dashi (tempero feito de peixe e alga). Ou ainda como o karashi-renkon, em que os furinhos são recheados com missô e mostarda e depois as fatias são empanadas e fritas.